Certa ocasião recebemos a Dra. Ana Primavesi aqui em Ouro Preto. Fomos até a lavoura de cacau do senhor Salvador, em Teixeirópolis. Ela já estava com dificuldades de caminhar. Dr. Olzeno e eu fizemos uma cadeirinha com os braços e a conduzimos pela lavoura afora. Lembro que ao se apresentar, sentada em cima de um tronco de árvore sobre o chão, todos falavam do tempo de Ceplac e Emater – mestrados, doutorados e afins – e humildemente falou “SOU ANA PRIMAVESI, AGRICULTORA, MORO NUMA CHÁCARA EM SÃO PAULO”. Todos se entreolharam, engasgados.
Me marcou também quando pediu um enxadeco, e disse para todos: “Vocês andam nas lavouras olhando sempre para cima, tentando analisar as folhas, suas cores, seus ataques de pragas, suas deficiências, enfim. Recomendo olharem mais para o SOLO, andem mais com um ENXADECO, perfurem o terreno, vejam a compactação, os micro-organismos, a matéria orgânica.”
A partir daquele momento, entendi tudo.
GRATIDÃO, AGRICULTORA PRIMAVESI!
O texto é de autoria do Antônio DEUSEMINIO, servidor da Ceplac, em Ouro Preto do Oeste (RO), e trata de uma justa homenagem à doutora Ana Primavesi, falecida no último domingo (5), em São Paulo. Grande estudiosa e defensora da boa qualidade do solo sem uso de adubos químicos e outros defensivos.
Era uma visionária, pioneira da agroecologia no Brasil. Contribuiu com a humanidade na preservação do solo e recuperação de áreas degradadas, abordando o manejo do solo de maneira integrada com o meio ambiente.
Suas pesquisas apontam para uma agricultura que privilegie a atividade biológica do solo com um alto teor de matéria orgânica, evitando o revolvimento do mesmo, e substituindo o uso de insumos químicos pela aplicação de técnicas como a da adubação verde, controle biológico de pragas, entre outros.
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