A recuperação do nosso país ainda irá demorar

A recuperação do nosso país ainda irá demorar

SENADOR CONFÚCIO MOURA (MDB/RO)
169ª Sessão Deliberativa Ordinária da 1ª Sessão Legislativa Ordinária da 56ª Legislatura
Plenário do Senado Federal
16/09/2019

O SR. CONFÚCIO MOURA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB – RO. Para discursar.) – É interessante, Sr. Presidente: todo o pessoal do Podemos enfileirado ali, dando um quórum absoluto. É muito interessante.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores presentes, o meu discurso é sempre, como o Kajuru fala, de uma nota só. Hoje eu vou fugir um pouquinho do tema para nós falarmos sobre a realidade brasileira, como nós estamos vivendo o Brasil hoje, o que nós devemos fazer de bom para o País, agora como Senadores, como Deputados, ali pertinho da gente, na Câmara dos Deputados, como as pessoas, como os empresários, como todos os brasileiros devem se comportar neste momento. Se formos olhar a dura realidade dos números, Sr. Presidente, francamente, fazer discurso aqui é um tremendo enchimento de linguiça, porque a realidade é dura, e a recuperação do nosso País ainda irá demorar bastante. Então, o que nós devemos fazer agora, neste momento, aqui no Senado, as Prefeituras, os Governadores, todos?

A primeira medida, até recomendada em alguns artigos muito bem escritos em O Estado de S. Paulo e na Folha de S.Paulo, é aceitar a crise, aceitar: realmente, o Brasil está em crise. Vamos aceitar, aceitar a situação difícil. Isso é uma grande coisa. É como um time de futebol: está perdendo, está perdendo, está perdendo, vai para o rebaixamento. Tem que aceitar a crise, aceitar a crise, reagir. Às vezes, muda o técnico, às vezes, muda um ou outro jogador, mas o certo é que a gente tem que reconhecer. A primeira coisa é a aceitação.

Depois de aceitar a crise, é não subestimar os números. O senhor, que é contador, que é da Comissão de Orçamento, que analisa os números da nossa economia, sabe que os números não mentem. Os números são claros. É matemática pura, cálculos atuariais, projeções matemáticas. Dificilmente, se alteram, se forem bem formulados.

Terceiro, é a formação de um consenso. Ali estou vendo o Paulo Paim, que é do PT. Há o pessoal do Podemos, de vários outros partidos, Democratas, eu, que sou do MDB, V. Exa., que é do PSDB. O que nós temos que entender é o seguinte: V. Exa., Sr. Presidente, deseja que o Brasil fique péssimo, péssimo, em crise insuperável para, depois, o PSDB assumir o Governo daqui a quatro ou oito anos? De jeito nenhum. O senhor quer, de fato, chegar ao poder de novo – o PSDB, o PT, o Podemos ou qualquer outro partido – com o Brasil reconstruído, o Brasil melhorado para que a gente possa tocar e ter até sucesso na administração dos nossos partidos. Isso é fundamental. Então, nessa formação de um consenso, ninguém aqui vai votar contra só para marcar posição. Eu acho que é uma coisa que, no momento, não dá. Isso é como se fosse… Passou um furacão lá na costa do Estados Unidos, destruindo cidades e tudo. É como se aquelas pessoas, que estão sem casa, sem comércio, sem onde se alojar, estivessem preocupadas, estivessem pensando politicamente. Elas estão querendo, agora, que resolvam o problema delas. Nós estamos nessa situação de reconstrução. Resolvam o problema do Brasil, do povo brasileiro, que, aí sim, é uma nova política. A nova política é a política do consenso, a política de apostar no que é melhor

Na realidade, Sr. Presidente, nós sabemos que o Brasil é rico. Nós falamos: no Brasil, chove muito. Não está chovendo agora, não é? Em Brasília, são quase 120 dias sem chuva. Mas, no Brasil, chove, o Brasil é grande, o Brasil tem floresta, o Brasil tem rios, o Brasil tem terra boa para plantar. O próprio Mato Grosso está aí, assim como Goiás, Distrito Federal, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Rondônia. Todos nós produzimos muita comida para o mundo. Nós somos bons de serviço. Nós sabemos trabalhar e sabemos produzir.

Então, Sr. Presidente, nós temos que nos juntar. Eu acho que só a classe política sozinha não dá conta de recuperar o Brasil, não. Só nós aqui, votando, aqui e acolá, vamos fazendo uma parte boa, mas precisamos também de um encorajamento e da participação das comunidades, da sociedade, dos Prefeitos das pequenas cidades, dos Srs. Governadores do Brasil, todos unidos num novo propósito.

Eu acho e estou observando que os Governadores estão reagindo, Sr. Presidente. Os Governadores estão trabalhando, os Governadores estão se organizando em consórcios, os Governadores estão dando sugestões, os Governadores estão participando mais ativamente no Congresso Nacional, os Governadores estão agindo, cada qual, todo mundo trocando ideias, um ajudando o outro, um copiando o outro. Isso é um ótimo sinal.

Por outro lado, além disso tudo, Sr. Presidente, nós temos que ver a importância da sociedade.

Agora, lembro que, lá em São Paulo, terminou ontem um grande encontro de institutos, fundações e empresas do Brasil sem nenhuma participação do Governo, um grande seminário de uma semana, mas grande, grande, grande, com experiências de todos os Estados, dos grandes Municípios, com empreendimentos sociais, com o pessoal procurando resolver problemas.

Eu vi, domingo, no Fantástico, uma menina de uma favela lá do Rio de Janeiro, chamada Tuany, do Morro do Adeus, bailarina, Sr. Presidente, sem condição. A moça é uma mobilizadora social incrível. Ela ministra aula de balé para as crianças da favela dela, sem nenhuma ajuda de ninguém, a comunidade, as mulheres ajudando a construir um ambiente. Depois, o Luciano Huck foi lá, fez um evento. Aliás, esse evento foi mostrado pelo Luciano Huck, que levou para ela todos os instrumentos, os azulejos, as cerâmicas, o suporte necessário para a dança, para o balé. E ela tem mais de 200, 300 meninas fazendo balé no morro. Tudo lindo e maravilhoso, sem nada de Governo.

Com isso, verifico que não podemos abrir mão dessas iniciativas populares, desses empreendedores sociais, dessas ONGs, dessas fundações, das empresas, Sr. Presidente. É muito importante o papel das empresas, das fundações nessa grande luta por um Brasil melhor.

Assim, Sr. Presidente, eu confesso que esta situação difícil que estamos atravessando, o Brasil, infelizmente… É muito ruim para mim, agora, porque já passei por bastante cargos no passado, falar isto: o Brasil está quebrado, o Brasil está sem dinheiro, o Governo está quebrado.

Quando eu passo numa rua, num comércio e vejo uma loja fechada, com o dizer “aluga-se”, eu fico triste, porque, atrás daquela loja que fechou, não é só o dono da loja que está amargurado, não. Atrás daquela loja, há o imposto que não é mais pago, há os funcionários que foram demitidos, há o empresário sem saber que rumo toma.

Então, quando se vê uma loja fechada, um comércio fechado, alguma coisa que não está funcionando, a gente entristece.

De vez em quando, assim, nos improvisos dos meus discursos – não sei se é certo ou errado; eu nunca analisei se isso é correto –, eu falo o seguinte: a empresa é o próprio Estado; a empresa é o próprio Estado, de outra forma. Mas a empresa, o empresário brasileiro corre muito risco. Ele contribui muito, é um sócio do Governo: quase 30%, 20% de contribuição para os cofres públicos. É um sócio do Governo, que o ajuda pouco. Então, nós não podemos atrapalhar a vida do empresário, nós não podemos atrapalhar a vida das pessoas que estão trabalhando, dos nossos agricultores, do pessoal do agronegócio, do pessoal pequeno da agricultura familiar, dos camelôs de rua, Sr. Presidente, dos trabalhadores informais das calçadas, que vendem coisinhas aqui e acolá. Tudo isso dá esse conjunto da economia brasileira.

Então, Sr. Presidente, o meu discurso hoje é mais curto, nem vai precisar tocar a campainha, pois já estou terminando. É justamente para fazer essa convocação. O meu discurso é para convocar o despertamento das instituições, das entidades, das pessoas, para ajudar o País a sair dessa situação caótica que nós vivemos hoje, principalmente na educação, sistema prisional… Nós temos ainda muitas cidades com déficit na área de saúde, a crise fiscal… E não vou falar em mais crise para não dar tanto azar.

Então, eu encerro o meu discurso agradecendo a V. Exa.

Obrigado.

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