Esqueci

Esqueci de lembrar de
mim na viagem para Corumbiara.
Sou uma mercadoria no porão.

Eu mesmo quis ficar assim sem falar com ninguem
Nao olhei pela janela do avião, nao queria sair de mim.
A pasmaceira de nuvens brancas. Rolos, bolas, suspensas no nada. Eu ausente, querendo fugir de mim.
Não choveu hoje e nem teve solavancos no voo.
Eu esqueci de mim como presente, estou no passado, ponte pro futuro.
Acho que não existo. Que sou aquela nuvem. A nuvem não pensa, mas, tem um sentido sua existência. A nuvem é o céu que vira chuva. O tempo me esquece como esqueceu de céus de outros tempos.
A gente é um ser semovente como outro outro animal. La embaixo a terra é picada de donos de quase nada. Pelo menos aqui em cima não tem fazendas de nuvens.

Eu me esqueci aqui em cima como se eu fosse um bolo de nuvem vagante.