Capítulo 1
O Caravan decolou às oito horas e quarenta e cinco minutos, do dia trinta e um de outubro de dois mil e dezessete, pouso às nove e trinta. Dia claro, nuvens azuis e brancas, ficou por baixo como uma cortina de proteção, por um bom tempo. Buracos maiores nas nuvens, a visão da terra, rasgada por sítios, fazendas e rios.
Sobre Campo Novo de Rondônia, a buraqueira deixada pela garimpagem da cassiterita, terra às avessas, com lagos e cascalhos. Logo à frente, o Parque de Pacaás Novos, ainda protegido no “muque” pelo Instituto Chico Mendes. Parece que o sentimento de colonização, de Entradas e Bandeiras, não para nunca.
Dali pra frente a Rondônia tem outra cara. As montanhas se misturando com planícies, a própria terra anunciando que por ali houve, milhares de anos atrás, um rebuliço da natureza e uma divisória para uma vegetação e geologia diferentes. Ainda bem, que por um bom trecho só se vê floresta. Terra dos índios Uru Eu Wau Wau, ainda bem, ainda bem.
O “caravan” avança por cima, varando nos municípios de Seringueiras e São Francisco e mais à frente, outra fisionomia, completamente diferente, o santuário ecológico do Vale do Guaporé. Várzeas extensas, vegetação rala, capões de mato, buritizais, plataformas de buritizais, pequenos e grandes lagos, parece um área de natureza inundada.
De longe avistei o Rio Guaporé, dele pra cá, Brasil, do outro lado, Bolívia, não vi nenhuma marcação em suas águas, dizendo que uma parte é nossa e a outra estrangeira, até parece que o rio é comum. Igualmente dos dois.
O avião fez sobrevoos sobre a Fazenda Pau D’Óleo, búfalos selvagens entremeados na imensidão, antes, contidos nos seus limites sem cercas, agora, ocupantes de todos os domínios.
O aeroporto, nem se pode dizer: – aeroporto. Uma brecha na savana, chão ondulado, cintos apertados, coração na mão, quando toca ao solo, parece burro bravo, “solovacando até se assossegar”. Ufa! Até que enfim, a várzea de campos nativos.
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