Perdemos a vergonha de ser último em tudo

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Perdemos a vergonha de ser último em tudo

Nem tudo é um horror em nosso país. Por exemplo, a boa campanha do governo, ao longo do tempo, contra o tabagismo, deu excelente resultado. Hoje em dia, a gente até estranha ver uma mulher fumando, homem ou mesmo um jovem qualquer. É feio fumar.

O Brasil fez bonito nestes últimos cinquenta anos – reduzindo da mortalidade infantil, por diarreia e vômitos, mesmo, para a desnutrição. E tudo isto, de uma maneira bem simples, coordenada pela Pastoral da Igreja Católica.

Viva! Zilda Arns. E os milhares de voluntários brasileiros. Bendito seja o “soro caseiro” e a “multimistura”.

Sucesso da vacinação contra a paralisia infantil. Há muito não se vê mais casos de poliomielite por aqui. Graças a gotinha salvadora.

Acredito que não podemos desperdiçar a democracia, como poderoso instrumento de liberdade e de igualdade. Mas, que a democracia por aqui, não seja, apenas simbolizada pelo voto e sim, por tudo, desde a ação efetiva da sociedade. Quando falo aqui, em sociedade, parece que não estou dizendo nada, porque sociedade parece ser abstrata, não tem nome, é impessoal. Não. A sociedade é você. Sou eu. Somos nós. Do mesmo bairro, da mesma rua, do mesmo lugar.

A sociedade, neste sentido, tem imenso poder da insurreição, da inconfidência (mineira – brasileira), de forma que possamos trabalhar uma série de atitudes, que não podemos delegar, de jeito nenhum, apenas, aos políticos.

A nossa vida é nossa. O destino também é nosso. Temos, portanto, de agir para que as coisas sejam melhores para todos. E neste ponto, em especial, os pais, avós, enfim, a sociedade, bem que poderia criar um “soro caseiro” para a educação de nossos filhos. Creio que visitando as escolas, olhando os conteúdos ministrados pelos professores fazendo manifestação de rua, como os sindicatos fazem por salários e outras conquistas. Ao povo, cabe exigir o outro lado. Melhor qualidade da educação. Eu nunca vi uma greve de pais pela melhoria da educação.

Não se pode conceber um menino no nono ano ser analfabeto. Não saber ler, nem entender, nem fazer uma simples operação matemática.  Coisa feia.

Muita coisa teremos que reinventar. E digo-lhe com convicção e certeza, ninguém no mundo, virá aqui no Brasil, pegar em nossa mão para nos ensinar a nos comportar bem. Ninguém. Cada país é que lute pelo seu povo. Cada povo é que lute pelo seu bem-estar. E nada de ficar falando mal dos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha ou Dinamarca. Não! Eles estão cuidando do seu povo. E nós que cuidemos do nosso.

Eu acredito na força da revolução. E a revolução sempre inicia pela indignação de poucos. E que vai se alastrando. Porque o sentimento caminha por debaixo da terra, entremuros, debaixo dos rios. Os sentimentos andam por teias invisíveis. O que um sente, muita gente sente também. Mas, há necessidade um líder que solte o grito. E aquele grito ressoe dentro de muitos cérebros esparramados pelo país. É preciso o grito.

E este grito pode vir de baixo pra cima. Crescendo. Como uma planta. Uma praga. Uma revoada de pássaros. A violência, qualquer forma, deve ser encarada por todos nós. As boas práticas podem surgir numa comunidade e vai se alastrando. Como a geração de empregos, a produtividade no trabalho e com a tecnologia. Tecnologia não é somente o uso viciante do zap ou Facebook. Não. É um poderoso instrumento de desenvolvimento de de oportunidades.

Nós sabemos onde a nossa dor se localiza. Onde a nossa coceira incomoda. Onde a nossa vergonha se encontra.

 

 

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