Capítulo VI
Por aqui, ainda não se ouviu falar em doma racional. Nem num manejo inteligente na captura dos animais. A coisa é feita à moda antiga. Como o sertanejo domava burro bravo. Rasgado na espora e chicote sem parar. O animal é submetido, desmoralizado, diante da tortura.
Aqui, na Pau d’Óleo é do mesmo jeito. O búfalo laçado, amarrado a um tronco na floresta. Deixado lá, sem água e sem comida por três dias. O animal tem muita força, roda a corda na árvore, a casca vai caindo, como um serrote circular. Acho que a árvore sucumbe depois, a seiva deixa de nutrir a planta.
Depois da primeira fase, da doma bruta, o animal é derrubado, atado bem junto as quatro patas. Puxado por uma lâmina de trator e jogado na carreta. Assim, depois de submetido, vai conhecer o curral, pela primeira vez. Alguns dias depois, solto num piquete com água e capim. Preso de novo. Solto de novo. Pouco a pouco, o animal aprende a conviver em seu estreito universo, mas, também, o que pode fazer de diferente?
As búfalas Boneca e Pretinha, com o tempo, paridas, foram ordenhadas diariamente, pouco leite, três litros cada uma. Depois de tudo isto, os peões chegaram a prender cerca de duzentos e cinquenta animais. Todos tiveram chifres serrados nos dois terços distais. Sem chifres agudos, o animal fica desequilibrado.
E por triste destino, certo dia, alguns veterinários foram testar um anestésico, disparado por uma espingarda apropriada. Que seria extraordinária forma de captura.
Escolheram justamente a Boneca e a Pretinha, depois de sofrerem tanto, pelo rústico processo de amansamento. Elas pouco tempo depois se arrearam no chão. A dose. A dose foi alta. As duas morreram. Não fiquei sabendo, se o experimento foi continuado. Mas, a Pau D’Óleo já teve de tudo. Mesmo assim, os búfalos continuam aumentando.
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