Lógico que ele tem um nome oficial, mas, ali na Ponta do Abunã (Vista Alegre), só é conhecido mesmo pelo apelido de “Bacana”. Cabelo raspado a meio coco, com filete destacado no entorno, feito a navalha. Magro, não segue nenhuma regra nas reuniões, fala alto e gesticulado, tem muito nexo de razão em seus princípios. Defende a agricultura sustentável, e, aqui, o assunto é muito especial: – o plantio do açaí manteiga, com sementes vindas de Costa Rica, menor altura, cachos maiores e produção precoce. Fui lá na chácara dele. E há quatro anos ele corre o trecho da burocracia para implantar o projeto para cinquenta pequenos produtores. Defende com unhas e dentes a riqueza na pequena propriedade. Então, fui lá. Ele matou um galo pra gente almoçar e foi mostrar o orgulho da sua tese. Açaizal plantado de 5 em 5 metros, colunas e linhas, tendo ao meio o cacau clonal, plantado depois, para receber o sombreamento e o solo coberto por uma leguminosa, variedade de puerária com folhas maiores. Um tapete cobrindo o solo. O “Bacana” é um cidadão bem diferente, quem o vê pela primeira vez, pensa até que é meio aloprado, mas, é um engano. Inteligentíssimo. Sou fã destes caras que pensam diferente, meio de trás pra frente, meio enviesado, como se pode dizer – desconstrutor de modelos. Tenho certeza que o projeto do “Bacana” ainda será disseminado neste Estado, por pequenos, médios e grandes produtores. Quem viver, verá.
julho 08, 20188 de julho de 2018