BORTOLOTO: Ele viveu para servir

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Dia 27 de outubro deste ano,  morreu Antonio Bortoloto, velho pioneiro de Cacaulândia. Bortoloto é do tempo que não havia prefeito e nem vereadores na maioria das cidades de Rondônia. Se tivesse atoleiro, ponte caída, gente doente, pau caído no carreador, não  havia saída, tinha que juntar os vizinhos para resolver o problema. Doente saia na rede, varote nos punhos e o pessoal revezando pelas picadas e estradas péssimas. E todo mundo ajudava. Ali por perto de Cacaulândia, era Bortoloto o líder comunitário natural. Dia  sim, outro também, tinha gente batendo à porta da casa dele clamando por ajuda. Não fazia cara feia. E assim o tempo foi passando. Plantou muito cacau, tirou algumas colheitas, família grande. Pouco a pouco foram saindo de casa para casamentos e maioria dos filhos sempre morando na região. Hoje, família enorme com muitos netos e bisnetos. 

Ele sempre foi do PMDB. Eu morava em Ariquemes e cuidava do seu povo. Certo dia ele e o professor Caio me procuraram com uma ficha de filiação na mão. Queria que filiasse ao partido. Onde sempre palpitava em suas reuniões, mas, não tinha sido batizado formalmente. Eles queriam que filiasse e saísse candidato na primeira eleição do recente município de Ariquemes. Eu não filiei porque precisava trabalhar mais e tocar minha vida. Mas, a “tentação” da política foi-me provocado por este anjo que é o Antonio Bortoloto. 

Neste mundo tem estas pessoas especiais. Gente  vocação natural para servir aos outros. Bortoloto nem precisava se candidatar a nada. Mesmo assim, foi candidato a vereador da cidade. Não ganhou. Ele nem ligou para derrota. Tocou a vida do mesmo jeito. Sem se queixar de ninguém. O cacaueiro adoeceu, veio a vassoura-de-bruxa, trocou tudo por pasto.  Mais tarde a esposa faleceu. Todos os filhos casaram.  Ele também e como os filhos pegou outro rumo e  foi morar numa chácara nos arredores de Ariquemes. Ali, sem gemer, sem sofrer ele  morreu. Fui ao velório dele para me despedir do dileto e admirável  amigo. 

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