NATAL, meu pensamento inquietante e ouro do Madeira

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Hoje, dia 25 de dezembro, olho pela janela e vejo tudo parado. Ariquemes é uma cidade que tem muitos passarinhos. Aqui em casa eles pousam na área para comer ração com o cachorro. Piam e cantam. O céu está para chuvas. Bem cinzento e sem desenhos. Eu queria ficar calmo como este dia. Deitar numa rede e fica madornando o dia inteiro. Só tenho uma maldição, o pensamento, ele me martela a cabeça e eu fico “coriscando” com ele o céu cinzento e plácido. E me veio uma agulhada agora, O GARIMPO DE OURO no Rio Madeira.dragas2 E quebrou a minha monotonia. Tem muitas dragas no Rio Madeira, enfileiradas. Coisa do passado e que foi condenada. O mercúrio no rio. Os subprodutos da química da separação do minério. O combustível derramado. O movimento da areia no fundo do rio. A dragagem do barranco. E o rio é uma hidrovia, um caminho de transporte. O rio tem tanta serventia para o Estado e para o Brasil. As dragas estão por ali. A polícia vai lá e prende. O Governador Piana foi um grande Governador, fechou o garimpo, proibiu, criou uma APA (Área de Proteção Ambiental). Se Piana fez isto há muitos anos, agora, quando o mundo conhece a realidade dramática dos danos ambientais, não cabe mais. Não cabe mais. Não cabe mais. Posso dizer, que é uma anomalia pré-histórica. Fica feio olhar o rio dos mirantes de Porto Velho, das janelas dos prédios. Fica feio pra burro. Alegam em defesa que é uma riqueza, que ajuda o Estado, que no Amazonas pode, no Pará pode. Aqui, Piana disse que não. E agora, é simplesmente cumprir a lei do Piana. Eu concordo com ela. Deixe a riqueza no fundo do rio. E se colocarmos numa balança, a riqueza e o dano, pra que lada vai pender? E quanto esta riqueza deixa para o Estado? E para o povo? O que deixou no passado, além de centenas de cadáveres e toneladas de mercúrio nas águas do Madeira?

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