Devido a distância enorme, quase Terra-Sol, entre os Estados e o Palácio do Planalto, com raras reuniões, entre Presidente e Governadores, um abismo ficou entre os entes federados. O Governo Federal decidindo sozinho o que fazer do país, o que deve e o que não deve, criando programas à revelia dos Estados, creches para municípios cuidarem e não tem dinheiro, pisos de professores, ajustes fiscais sem ouvir governadores, até parece que o Brasil só tem mesmo a figura de Presidente. E que prefeitos e governadores são como soldados obedientes e disciplinados, que ordem recebida será ordem cumprida. E o que se vê, na realidade é o que o modelo exauriu-se, que este modelo federativo já era. Acabou. É como se diz, cada um por si.
E a prova desta desconfiança é que os governadores começaram a se mexer. Primeiro o Centro Oeste, pujante, positivo em economia, não pode se jogar no colo de uma crise sem rumo e sem tempo. E nos organizamos para termos uma carteira de projetos para podermos trabalhar. Queremos dinheiro na praça. Sem dinheiro na praça não se sai de crise nenhuma. O povo precisa de dinheiro para mover o país. O agricultor grande, médio e pequeno, assim como o empresário necessitam de dinheiro para tocarem os negócios. É isto. Dinheiro na praça. E depois a Região Norte, também nos reunimos em Belém, dias atrás, a conversa é a mesma, não dá para ficar assim. O Governo central legisla muito. Centraliza muito. Os Estados devem ter liberdade de legislar sobre inúmeros temas, sobre as nossas terras, sobre assentamentos, sobre meio ambiente, sobre captação de empréstimos sem passar pelo inferno astral da Secretaria do Tesouro Nacional. Porque precisamos de dinheiro na praça.
Ajuste fiscal duro fizemos todos os Estados. Todos cortamos na carne. E ainda estamos cortando e cuidando do gasto. Enquanto, o Governo Federal não se move com os reformas necessárias para tirar o país do buraco nestes próximos cinco anos. Sem as reformas política, tributária, previdenciária nada feito. O empresariado que paga todo esta conta toda está inseguro e muitas empresas brasileiras estão correndo pra fora do país, como Africa do Sul e Arábia Saudita e países africanos. Daqui mais alguns dias não se tem empresa para fazer obras no Brasil.
São Paulo fez concessões para captar dinheiro para investimento. Quer pegar uma ponta permitida dos RPPS, regimes próprios de previdencia para investimento, porque o “O Brasil ficou caro antes de ficar rico”, Alckmin. E a crise também vai se descentralizar. E será preciso acabar com este mundaréu de vantagens indevidas que se tem no serviço público e não tem no privado. Que negócio é este? Que paraíso é este entrar no serviço público e ficar numa boa até o fim da vida e o fim das proles? O Estado se não puder ajudar, pelo menos não deve atrapalhar a iniciativa privada.
Só a união dos Estados pode salvar o Brasil. Veja bem dos Estados. Porque o Congresso está em profunda crise. A crise política fede. A crise política aduba ainda mais a crise econômica. E é o que mais se tem é crise de todo jeito. E o país passou a ser regulado pelo Código Penal. A dívida dos Estados, parece enterrada sob rochas, ninguém percebe e nem desconfia que esta dívida está quebrando os Estados. Esta dívida poderia se transformar num fundo de investimento para superação da crise. Uma dívida boba, cara, impossível, tal qual a dívida do BNH. Quanto mais se paga, mais se deve.
Os problemas dos Estados são comuns a todos. É preciso quebrar paradigmas com ousadia e coragem. Sem populismo, sem demagogia, sem jogar flores para Iemenjá, e conversar com trabalhadores e sindicatos, porque o Brasil é outro, não dá para quebrar a galinha dos ovos de ouro e espírito corporativo pode conduzir o nosso país em níveis gregos.
Este país é um paraíso de direitos. Todo mundo tem direito. Só direito. Direito e mais direito. Direito em cima de direito. Pela direita e pela esquerda. Um monte de direitos, benefícios, e quem paga a conta? Me responde, quem paga a conta. Porque Estado não tem dinheiro. O dinheiro vem do contribuinte, do consumo, do movimento da rua. Quem paga a conta? Quem? Mais benefícios, sem fim, quanto mais melhor, mas, alguém tem que pagar a conta do benefício. Como se diz: “queijo de graça só quando está na ratoeira”. Como diz Jatene, é preciso ousadia, engenho e arte e temos que engolir remédios amargos. Se quisermos sair da crise como nossas proprias pernas temos que tomar o fortificante amargo. O povo deve ser informado da realidade do país. E para de sonhar com flores e romantismo.
Temos que amarrar os bigodes uns nos outros. Como nos velhos tempos, na base do fio de bigode, da vergonha, porque a corda está esticada e todo mundo que é brasileiro deve se insurgir para termos dinheiro na praça, emprego para trabalhar e esperança para termos dias melhores. A crise é antiga, ela veio apenas rolando com a barriga. Até chegar no que deu hoje.
A palavra de ordem é união entre os Governadores para mudar a pauta bomba que tem no Congresso pela pauta boa. E só a união dos governadores pode salvar o Brasil. Queremos legislar concorrentemente sobre temas tão diferentes, porque o Brasil é grande e cada Estado tem a sua realdiade. Um novo federalismo cooperativo. Porque pobres prefeitos e governadores, hoje, nada mais são do que simples gerentes de bancos, pagadores de contas essenciais e contratos e chefes de Recursos Humanos. Pagar folha de salário. E nada mais. E cadê o dinheiro para investimento? Cadê o crédito para as pequenas empresas? Cadê o custeio para mover a loja e a empresa de um modo geral?
Ainda bem que os Governadores acordaram. E nunca vi tanto encontro de governadores. Estou sentindo firmeza. O Brasil vai sair do buraco.
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