QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?

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MILIONÁRIO

Depois do Natal não se fala em outra coisa.  É a hora de meter a mão na bufunfa de mais de duzentos milhões de reais. E tem mais uma, só irá ganhar esta grana quem jogar.  A gente já sabe que é difícil. Mas, é difícil para todo mundo. A sua chance é a mesma do outro, do fulano de João Pessoa, Porto Alegre, Catalão ou Nova Serrana. Tem aquele tipo sistemático que não joga de jeito nenhum. Tudo bem, mas, também não ganha. Porque mega da virada  e todos os outros jogos mexem com nossos sistemas nervosos. E todo mundo tem aquele desejo de jogar mais de uma cartela, fazer bolão e termina gastando dinheiro que não poderia gastar. Vem aquela pergunta endiabrada – e seu eu jogar e ganhar? Ontem, aqui em casa, a conversa foi rolando neste sentido, como de milhares de lares deste país varonil.  A cada jogo, um perguntava ao outro – se você ganhar você me dá vinte milhões?

– Claro, que todo mundo prometeu dar.

E se foi adquirindo aquela sensação impressionante de tornar-se milionário. Sentir o cheiro de milionário. E a mania do milionário ou já ser mais um no final do ano. Entrar o 2015 sem, nunca mais, pensar em miséria ou ficar contando moedas. Eu não me lembro de ter ganhado nada em bingo, sorteio, rifa ou qualquer coisa e já vou caminhando para os sessenta e sete anos, sem nenhum ganho fácil. Assim como milhões de outros, mas, nunca se apaga por completo a esperança, a fé de um dia, ainda mais agora, neste abençoado ano, ter a sorte grande de bamburrar neste garimpo do jogo oficial da Caixa Econômica Federal.

Pobre jogo do “bicho”, que vai se arrastando na ilegalidade, país inteiro, que nenhum filho de Deus conseguiu legalizá-lo, mas, em cada esquina tem uma mesinha e uma pessoa que resiste ali, fazendo a fé num prêmio de pobre, todos os dias. E o bendito “bingo” que fazia a alegria das velhinhas aposentadas, que cheirosas, solitárias saiam nas noites para se encontrarem com outras tantas, para ganhar ou perderem fatias de suas aposentadorias, chegando ao ponto de viciá-las. E os cassinos, brilhantes e luxuosos, destinados aos endinheirados, que putos da vida, atravessam o país para se divertirem com suas granas sobrantes nos ambientes de Punta del  Este ou Las Vegas, vão em voltam em seus jatinhos e que ninguém tem nada com isto.

E por aí vai se misturando a legalidade da jogatina dos inúmeros tipos diferentes de opções oficiais com a jogatina ilegal à luz do dia e este oceano de opções faz,  a festa e a fé daqueles que tem esperanças do seu dia grande de sorte. E a grande pergunta é sempre a mesma – o que se vai fazer com duzentos milhões de reais, que todos nós iremos ganhar na passagem do ano?

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