Dormi no dia 4 de dezembro e acordei no 5 de dezembro de 2015. Não sei em que momento, mas, comecei a sonhar com cacau. Sonhei só com o cacau, a árvore e a fruta. Nada de chocolate, nem suco, nem creme e nem sorvete. Só com o cacau. Acho que deve ter sido por ter visto tanto cacau plantado em Rondônia e hoje, nada daquilo, da euforia do cacau, existe mais. E os nossos cacauais se transformaram em pastagens como um mecanismo natural da evolução do própria espécie. Porque a teoria da seleção natural ela existe e a doença, que foi a “vassoura de bruxa” fez esta seleção, esta migração do cacau para o pasto.
Mas, eu vi a euforia do cacau em Ariquemes, Rio Crespo, Cacaulândia, Jaru, Alto Paraíso, Ouro Preto, Vale , Theobroma e Machadinho. Era um movimento extremamente rico, distributivo, o dinheiro corria, o Banco do Brasil financiava e só se falava em barcaça, em Arroba de cacau, em cheiro azedo do cacau fermentando, o sombreamento do plantio pelos bananais e os caminhões correndo para Manaus com carga da banana. E era baiano, paranaense e pedaço do Brasil inteiro plantando cacau. E era muito cacau.
E daí a pouco, foi se esfriando a vontade do povo e o prejuízo de tanto sacrifico, porque plantar cacau não é fácil, cuidar do cacau não é fácil. E neste jogo de fartura e destruição eu passei a minha noite de sonhos com o cacau.Porque até hoje eu acredito no cacau. Porque o chocolate existe, Alemanha e a Suiça são especialistas na indústria do chocolate. E tem muita gente que come aqui, no Brasil o chocolate importado. E nós já produzimos cacau, na Bahia e aqui. E o mundo adora chocolate. E todo mundo enche a boca de água quando vê uma barra de chocolate. O chocolate é gostoso. Maravilhoso. Mas, só é gostoso porque alguém plantou a roça de cacau.
O homem é um animal terrivelmente imediatista. O homem age só de ouvido, de ouvir falar. O homem só quer as coisas bem fáceis para ganhar dinheiro. Enquanto isto, o Dr. Dalton Schuwartz, que é um grande produtor de cacau e José Rodrigues, em Ariquemes e outros raros teimosos não acabaram com suas roças. E não abandonaram o cacau. E foram convivendo com a “vassoura de bruxa”, fazendo cortes, aprendendo a driblar a doença, a aplicar defensivos, adubar a roça, irrigar a árvore santificada e até hoje vivem e ganham dinheiro do cacau.
O Cacau em Rondônia tem que voltar. Eu ainda quero ver a mesma onda que vi final dos anos 70 e 80, ainda quero ver o furdunço do cacau em Rondônia, porque nesta minha noite de 4 para 5 o meu subconsciente trabalhou a noite inteiro e lá no meu íntimo cerebral eu viajei nas roças de cacau, que é uma roça bonita, sombreada, serve hoje em dia como reposição de floresta. É romântico namorar debaixo de uma roça de cacau sombreada, jogar o seu amor sobre a folhada e amar a meia luz, porque a copa filtra o sol e deixa tudo por baixo extremamente erótico. Experimente diferente, coloque um pedaço de chocolate na boca antes e outro depois, e veja que o seu prazer será muito maior. Quantos meninos foram gerados nos cacauias e com certeza são meninos especiais, movidos sobre uma carga de natureza muito maior. O cacau é afrodisíaco maravilhoso. O cacau é uma floresta. É uma árvore nativa da floresta amazônica. O cacau tem raízes na floresta, na sua diversidade.
E agora, temos que inovar no plantio e fazer diferente, como a Costa do Marfim, o cacau virar praga, nos quintais, nas chácaras, um ou dois hectares, bem cuidados. Porque o cacaueiro é um filho, vive muito, 40 anos ou mais se bem cuidado. Se você der pra ele o de que precisa ele te devolve em chocolate. Hoje em dia já temos sementes ou clones tolerantes a doença “vassoura de bruxa” e eu fui ao Equador, faz tempo, mas, fui, justamente ver na Fazenda Santa Beatriz, no Vale do Guayaquil, uma região que o cacau era tolerante à doença, um mutante natural que foi chamado de CCN-51, equatoriano, e hoje o CCN-51 está em Rondônia.
Alertemos a todos! E viva! que temos clones de cacaueiro tolerantes à doença, que podem plantar um a dois hectares e cuidar de cada árvore como você cuida da sua filha querida, porque você é um pai ciumento e só quer o bem para sua filha em especial e do filho também, e que tem um pé de cacau que o considere mais um filho seu. É como de sonho, que me veio na noite, ocasional, espontâneo, um movimento inexplicável da mente, porque nem comi chocolate antes de dormir, mas, que puxo agora, para o campo da realidade. Rondônia pode ser rica plantando cacau na agricultura familiar e produzir aqui mesmo chocolate de boa qualidade para o mundo inteiro. Está aí a mega-sena acumulada para todos.
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