MANTRA

MANTRA

BRASÍLIA, 5 de abril de 2020

MANTRA é a palavra dos monges. Dos meditadores. Que se pode repetir para deixar o pensamento sumir, viajar, perambular, ir e voltar. Relaxar.

Tirando de lado o isolamento pelo “corona”, uma prisão domiciliar, aproveita-se o momento para divagar por tempos, mundos vividos e não vividos.

Porque tem sim, os mundos imaginados, acreditados, sonhados, idos… eu queria algum tipo que não fosse o convencional. Como yoga por outros meios ou mesmo a meditação ou formas conhecidas de meditar.

Indaguei à minha esposa, Alice, o que mais lembrava da sua infância e adolescência, na cidade de Inhumas em Goiás. Ela colocou-se a pensar, rodou os olhos em volta do globo, falou da praça, da igreja matriz, da sala do cinema, da máquina de costura, da casa das tias.

– Então, me responda, o que mais marcou o seu tempo na cidade de Inhumas?

– Ela não queria dizer. Ficou algum tempo pensando: “a mangueira” do quintal. Ótimo, respondi. A mangueira do quintal e todas as estripulias de primos e primas, a subir, balançar e transformar a árvore frondosa num espetáculo de criação.

Foi assim que surgiu o MANTRA para a nossa meditação no confinamento. E entrei como guru a explicar o ritmo do relaxamento. Uma inspiração lenta e profunda, olhos fechados, repetindo mentalmente – M A N G U E I R A A A A A. A expiração duas vezes mais lenta – soltando o ar pela boca – M A N G U E I R A A A A A A A A A A A e ficar assim, quieto, na mangueira, por dez minutos.

Todos os tipos de mangas da feira. A manga espada, minha preferida. A saia enganchada no galho e ela resfolegando no chão, só de calcinha, a saia bandeirando lá em cima no galho. Menina não podia subir em mangueira, ela subiu.

Tirando o trágico, vem o relaxamento com o mantra da Alice – MANGUEIRA – como uma nova meditação transcendental.

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